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Dias Mulheres Virão

No discurso da vitória feito pelo candidato eleito Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 30 de outubro de 2022, nós ouvimos o futuro presidente falando às mulheres:


“É preciso ir além. Fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres, e garantir que elas ganhem o mesmo salário que os homens no exercício de igual função. Enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e oportunidades. Só assim seremos capazes de construir um país de todos. Um Brasil igualitário, cuja prioridade sejam as pessoas que mais precisam.”


E é nesta atmosfera de mudanças que escrevo este artigo, no sentido de chamar todas as mulheres para acompanhar e compor a reconstrução das políticas públicas para as mulheres, olhando principalmente para as mulheres mais vulneráveis, nós mulheres pretas, pardas, indígenas, gays, lésbicas, pessoas transgêneros, travestis e periféricas, no sentido de construirmos políticas que olhem para a nossa realidade e nos contemplem em nossas especificidades.

Assim como no primeiro e segundo mandato do Presidente Lula, nós tivemos conferências sendo realizadas, com a participação de mulheres e diversos movimentos sociais, construindo uma série de políticas públicas para atendimento às mulheres na saúde, na assistência, no enfrentamento a violência, agora nós teremos de retomar a nossa participação nestes espaços, com vistas a reconstruir políticas públicas que foram devastadas no atual governo que tiveram cortes de mais de 90% no orçamento[1].


Urge retomarmos a construção destas políticas, como mais um ato de vilania e desrespeito às mulheres, o atual governo diminuiu em 90% o orçamento voltado para a promoção de políticas que visam o enfrentamento a violência contra a mulher e como conseqüência, segundo o anuário brasileiro de segurança pública, nós tivemos um aumento no número de denúncias de violência contra a mulher, resultado deste corte nas políticas públicas, bem como do aumento do número de armas de fogo nos domicílios.


Não podemos esquecer que ao longo destes últimos quatro anos de governo, além dos cortes no orçamento para a promoção destas políticas, tivemos também a pandemia, que escancarou as desigualdades existentes na nossa sociedade e deixou as mulheres ainda mais vulneráveis, falamos de mulheres que sofreram durante a pandemia com o acúmulo de funções com filhos e idosos que ficaram sob seus cuidados, sofreram com a diminuição da renda, pois muitas perderam seus postos de trabalho por terem de assumir funções domésticas ou porque foram dispensadas de seus trabalhos em função da crise sanitária, levando-as ao empobrecimento, soma-se a isto, o fato de ter de conviver com o agressor, isoladas em suas casas, sem rede de apoio para pedir ajuda ao serem vítimas de violência (RIBEIRO, HILÁRIO e MENEGON, 2021).


Podemos concluir que o último governo fez agravar as condições de vida das mulheres brasileiras e agora, teremos de reconstruir políticas públicas que foram sucateadas e tentar pautar nossos interesses diante de um congresso conservador. Moura (2019) nos traz que a resistência a ascensão das mulheres nos espaços de poder vem travestida de um discurso de falacioso que é o “combate a ideologia de gênero” e isso não ficou para trás, muito pelo contrário.


Apesar do corte no orçamento e de toda uma campanha de mentiras e ataques às mulheres, tivemos a vitória do partido que mais investiu em políticas públicas para as mulheres e poderemos assim retomar os nossos sonhos, expectativas e aspirações de uma sociedade mais justa e igualitária para todes, porque “dias mulheres virão”.


Referências bibliográficas


BRASIL, 2022. Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pùblica. Disponível em https://forumseguranca.org.br/anuario-brasileiro-seguranca-publica/. Último acesso em 31.out.2022.

FERREIRA, Helder. TRIBOLI, Pierri. Deputadas criticam corte de recursos recursos para combate a violência contra a mulher. 2020. Disponível em https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/. Último acesso em 31.out.2022.

MOURA, Fernanda. A “ideologia de gênero” e a guerra cultural do bolsonarismo. COLÓQUIO INTERNACIONAL MARX E O MARXISMO, 2019. Disponível em https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/63566957/A_ideologia_de_genero_e_a_guerra_cultural_do_bolsonarismo20200608-110061-ql0kbj-libre.pdf?1591645437=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DA_ideologia_de_genero_e_a_guerra_cultura.pdf&Expires=1667437793&Signature=Jbg-9sELAD2WL~0ShukS7viNyLcCiZMan0yiFlX90Fpd4EHmx91TEWkzrxKIpYH1DsikOXAj8G5L-tkuEAJz~X~lgxCmoXSngrZeS~K0SqqpT-E7QR1lLXf7frlo9Z2nxnuzc6ZWXKf7dP9wNoi8w6tCQ1m2wJhPA8p2jcii7lGmyINbpBvkQ7xn02QyzxcQxhNPXR1sIpeaB3BkthPeh8P3wVWUGUDqvQYDp5ye26KyXmNSFIniXySJk0xSj~2-~HOeXCbX~P8yMEXwTesKubqS0EoV2L3Izf0fjNoh68oceQ8lTmYvQDm5HyxPfETbIusd02fH9TcMOyEtcVp9Vg__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA Último acesso em 02.nov.2022.

RIBEIRO, Maria. HILÁRIO, Rosângela. MENEGON, Valdênia. A cor dos territórios da invisibilidade no Brasil durante a pandemia. 2021. Disponível em https://mulherescientistas.org/wp-content/uploads/2021/07/NT-12.pdf. Último acesso em 31.out.202

[1] https://www.camara.leg.br/noticias/635067-deputadas-criticam-corte-de-recursos-para-combate-a-violencia-contra-a-mulher/


** Este texto é um artigo de opinião assinado por Erika Bueno. O texto não reflete, necessariamente, a opinião de todas pessoas integrantes do Projeto Legislativas. Se você quiser seu texto publicado em nosso blog, entre em contato: legislativasprojeto@gmail.com

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